Como é bom estar em São Paulo e poder assistir aos melhores estilistas nos mostrando desfiles maravilhosos. Não sei se foi a alta definição da transmissão ao vivo que o FFW , juntamente com o Terra, vem fazendo ou se foram mesmo os estilistas e suas belíssimas coleções, mas é notável a superioridade em relação ao Fashion Rio.
E aí surge aquela velha discussão de que sim, nós devemos ter apenas uma semana de moda, devemos unificar este calendário, privilegiar as duas cidades, mas priorizar os bons desfiles. Coisas que não cabem ser discutidas aqui e agora, mas sim e um outro post, quem sabe!
Claro que tivemos um primeiro dia recheado de talentos que já estão há um bom tempo fazendo moda, possuem uma boa identidade e sabe o que tem que fazer. Tudo isso contribuiu para a qualidade dos desfiles apresentados. Mas, vamos parar de elogiar e fazer um bom resuminho sobre todos os desfiles?!
Animale:
Começamos bem a São Paulo Fashion Week. Aliás, já é costume a Animale abrir os serviços e dar início aos desfiles com as suas super models nas passarelas. Um desfile que abre com Rosie Huntington-Whiteley e ainda traz no casting modelos como Izabel Goulart e Ana Beatriz Barros não é pra qualquer um e, sem dúvidas, vai fazer a gente babar, seja pelas roupas, seja pelas belas modelos. E o desfile foi incrivelmente lindo e simples. Com o tema Safári Noturno, a coleção misturou muito couro com seda. As cores estavam lindas, apesar de bem neutras. Grande aposta do Fashion Rio, as transparências estiveram bem presentes neste primeiro dia, colocadas em lugares e peças certeiras fez com que a coleção ganhasse a sensualidade que a mulher Animale quer. Podemos destacar as calças, peça que esteve bem presente e foi bem marcante, só não gostei dos comprimentos que estavam abaixo do joelho, não favorecem as modelos e nem mulher nenhuma. O predomínio da estamparia em zebra me agradou bastante, sendo usada de uma maneira bem sutil. A beleza do desfile como sempre muito leve, cabelos chapados e na maquiagem quase nada, apenas gloss e rímel se destacavam. Não gostei dos apliques que foram usados, embora a ideia fosse boa (eles imitavam pelos de animais). Um grande início para esta SPFW.
Alexandre Herchcovitch:
Infelizmente, não pude assistir ao vivo ao desfile do Alexandre. Faz uma diferença isso na hora de escrever. Ver as peças em movimento é outra coisa, traz vida, desejo, faz a gente se apaixonar, não tem jeito. Mas, já que só temos as fotos, vamos vê-las e tirar nossas conclusões, né?! O estilista quis homenagear nesta coleção Boy George, grande ídolo seu. E Alexandre Herchcovitch é o cara que faz milagres com suas referências. É incrível como ele consegue de uma simples pessoa, fazer um desfile totalmente inspirado e em cada peça ter um toque de sua inspiração. Muito quadriculado em preto e branco e em outras cores, muito preto e muitas cores fortes fizeram a coleção. Peças bem amplas e com o pé na alfaiataria completaram o desfile. O chapéu, forte traço do estilo de Boy George, não deixou de estar presente e bem ao estilo do cantor. O comprimento ficou, na maioria das peças, logo abaixo do joelho. Herchcovitch sendo Herchcovitch define bem o desfile
Tufi Duek:
O desfile da marca Tufi Duek, que não é assinada pelo meu estilista favorito e sim por Eduardo Pombal, foi uma luz no dia de hoje. Depois de dois desfiles mais “escuros”, Pombal trouxe o branco como pano de fundo e iluminou a passarela. Primeiro, quero agradecer a Daniel Hernandez responsável pela beleza do desfile que trouxe cor (yeeeees). Lábios lindos contemplados com misturas de batons e produtos Chanel e MAC (vou descobrir quais são e aviso) deixando as modelos ainda mais lindas, com vida! Voltando às roupas, o estilista trabalhou suas peças baseando-se no livro “Botânica Magnífica”, de Jonathan Singer. Para os tecidos, Pombal foi bem amplo, trabalhando com seda, couro, organza, tules e tafetás. Muito amarelo, branco, rosa e um pouquinho de preto tingiam os tecidos. Os vestidos estavam lindos, com detalhes que faziam toda a diferença, mas o que mais me chamou a atenção foram as calças, uma mais linda que a outra e com um shape perfeito. Não sei se foi propositalmente, mas ficou bem evidente que algumas barras dos vestidos estavam mal acabadas. Se foi proposital, não foi uma boa ideia, porque não ficou claro, se não foi, GENTE, é um desfile da SPFW e não do Project Runawy, né! Outra coisa que não deu certo foram os sapatos. Pra mim, não rola sapato que modelo anda toda desajeitada porque está insegura. Os sapatos tem que ser bonitos, mas tem que ser confortáveis e fazer com que as modelos flutuem em cima deles. Vale ressaltar o trabalho feito com as flores. Um desfile que qualquer mulher e, principalmente, “as mulheres do Tufi” vão amar.
FH por Fause Haten:
Podemos dizer que o desfile de Fause Haten foi um show, literalmente. Paula Lima, acompanha de uma pequena orquestra, cantou letras compostas pelo próprio Fause Haten e fez o desfile ficar ainda mais encantador e apaixonante. Já como estilista, Fause não nos decepcionou e nos presenteou com um lindo desfile, super chique e cheio de detalhes. Dos curtos aos longos, todos os vestidos fizeram eu sonhar em usar um deles algum dia. Destaque para o primeiro, todo colorido, com uma “capa” amarela, fazendo uma fotografia belíssima! O estilista buscou inspiração na tão famigerada África, mas se engana quem achar que ele caiu na obviosidade. O terceiro look é um bom exemplo, ali estavam todos os itens utilizados no desfile e tudo estava bem coordenado, tinha um clima boho, mas ao mesmo tempo com uma elegância, uma coisa meio anos 70, mas pronta para desfilar no tapete vermelho de qualquer premiação por aí. O colarzão utilizado pelas modelos não foi um bom truque de stylist. Apesar de chamar bastante a atenção (até demais) e de até estar casando com as peças, ele atrapalhou alguns detalhes na parte superior dos looks e isso pra mim não é nada legal. A estampa de borboleta e a saia colorida de paetês desfiladas foram, pra mim, as melhores parte do desfile. As “franjas” que ele utilizou em vários looks deu um efeito muito interessante às peças, gostei do movimento que elas proporcionaram. Também fiquei feliz com a aula de como aplicar transparência nos looks. Só queria que tivessem mais looks, pois os 22 desfilados me deixaram com um gostinho de quero mais!
Triton:
E, assim, chegamos finalmente ao último desfile do dia (minhas costas agradecem)! Estou tentando saber se gostei ou não do desfile da Triton e ainda não cheguei a uma conclusão, pelo menos posso garantir que no meio dos desfiles de hoje não foi um que me marcou. A inspiração veio das ruas de Tóquio, imagino todas aquelas profusões de luzes coloridas, algo bem futurista. Cores e mais cores foi o que não faltou na passarela da grife. A palleta de cores rosa/vermelho estava linda de morrer. O trabalho de estamparia foi primoroso e as sainhas curtinhas estavam lindas e a cara das menininhas da Triton. A estilista Karen Fuke errou, na minha opinião, ao abusar de peças muito amplas. Acho que não combinam muito com a jovialidade da marca. Mas, não deixa de ser uma boa proposta, afinal, é sempre bom sair do lugar comum. Quase todas as peças traziam uma referência em alfaiataria, muito bem trabalhadas. E fiquei bem triste por este ser mais um desfile em que a maquiagem estava apagada. Essa onda de só iluminar alguns pontos, passar rímel e estar pronta não anda me agradando. Agora ficamos no aguardo para os desfiles de amanhã!
Fotos: Portal FFW/ Divulgação
E assim finalizamos os resumos do primeiro dia de SPFW. Amanhã, o mais cedo possível, volto com os melhores do dia de hoje e com toda a cobertura do segundo dia. Não deixem de nos acompanhar nas redes sociais.
O que vocês acharam deste primeiro dia? O que não pode faltar amanhã nos melhores do dia?!
Por Daniela Brisola