Acabei de ler uma matéria fantástica do FFW nos contando sobre os incentivos do governo, por meio da Lei Rouanet, aos desfiles de Ronaldo Fraga, Alexandre Herchcovitch e Pedro Lourenço. Havia já lido alguma coisa pelo Facebook, mas quando vi a palavra “polêmica” na matéria do FFW resolvi ver o que estava acontecendo.
Ao que parece, existe muita gente questionando o por quê desse incentivo cultural aos desfiles, já que moda não é arte. ANH? COMO ASSIM, GENTE? Em pleno século XXI tem gente questionando se moda é arte?! E a pior parte foi quando o Herchcovitch conta que ao apresentar um projeto assinando como estilista, a proposta foi recusada, quando ele apenas muda a assinatura para artista, pronto, o projeto foi aceito.
Passei o semestre inteiro passado discutindo Indústrias Criativas, da qual a moda está inserida, e a matéria do FFW me trouxe muitas lembranças da aula. O desfile é apenas a ponta do iceberg da indústria criativa da moda, como a própria matéria nos conta, e dar incentivo aos estilistas não é a mesma coisa do que estar ajudando eles a venderem suas mercadorias. Até porque, convenhamos, Ronaldo Fraga só quer mesmo fazer sua moda e Herchcovitch e Pedro Lourenço não precisam nem de desfiles para venderem.
Só quem esteve dentro de uma sala de um desfile (eu tive essa oportunidade e contei aqui) sabe o que é aquilo e se não é arte, eu confesso que não faço a mínima ideia do que seja aquilo ou do que seja arte. Transformar simples peças de roupas em um desfile é uma das manifestações artísticas mais incríveis que existe e não falo isso apenas porque sou apaixonada por moda. Afirmo porque pegar uma inspiração e fazê-la refletir em roupas é mágico, além disso, combiná-las com um cenário, modelos, maquiagem, cabelo e música faz com que a moda seja tão complexa quanto desenhar um quadro, montar uma peça de teatro ou qualquer outra expressão artística.
Mais do que isso, justificar que o incentivo aos desfiles é incabível porque as roupas serão vendidas depois não faz sentido algum, já que, como a própria matéria afirma, os quadros também são vendidos depois das exposições e as exposições são feitas para que os quadros serem valorizados, assim como o desfile faz com que as roupas sejam valorizadas.
Em um cenário onde a moda nacional carece de gente criativa que largue os padrões estadunidense e europeu de se vestir, uma lei de incentivo aos desfiles é mais do justa, é necessária. E vida longa à Rouanet e aos investimentos na moda nacional!
Qual a opinião de vocês sobre o incentivo governamental para a moda?
Por Daniela Brisola